Relato de um espaço cultural oculto:
O pouco interesse dos palmenses por programas culturais.
O Espaço Cultural José Gomes Sobrinho é um ambiente rico em diversas possibilidades de produção e consumo de cultura. Embora a maioria das pessoas não saibam, o espaço não se resume ao Theatro Fernanda Montenegro e ao Cine Cultura Sala Sinhozinho. A produção acontece no Centro de Criatividade, que oferece gratuitamente cursos livres de iniciação as artes cênicas, visuais e música, e forma cerca de 500 alunos por ano. Pois bem, há muito mais a ser pontuado sobre este espaço.
Ainda assim, o teatro, equipamento mais conhecido do Espaço Cultural mesmo sendo como afirma o diretor de Difusão e Articulação da Fundação Cultural de Palmas (FCP), Cícero Belém Filho, o terceiro melhor teatro da Região Norte, para quem acompanha de perto sua programação, não há como não se indignar com públicos tão pequenos, diante de espetáculos de qualidade como o Balaio de Gatos, apresentado em setembro pelo Grupo Chama Vivo.
Uma coisa é certa: não é por falta de divulgação, embora seja a capital mais nova do país com apenas 23 anos, Palmas tem um fluxo pequeno, mas contínuo de peças, shows, exposições e a assessoria de comunicação do Espaço Cultural tem sido frequentemente pautada pela imprensa da cidade. Visto que o espaço é público e os serviços oferecidos são de grande importância ao fomento e difusão da cultura, porque será que falta interesse por parte da sociedade?
A própria classe artística, por exemplo, em sua maioria não compareceu à terceira Conferência Municipal de Cultura, que aconteceu no Espaço Cultural em março deste ano. O evento teve o intuito de elaborar o Plano Municipal de Cultura de Palmas, que norteará as políticas culturais da cidade para os próximos 10 anos. O que se acompanhou nas redes sociais foram críticas em tempo real durante os três dias do evento e a conferência acabou sendo um fracasso de platéia.
Inaugurado em 26 de setembro de 1996, o projeto do Espaço Cultural, feito pelo arquiteto, Paulo Henrique Paranhos, possui formas arrojadas, com a pretensão de ser um dos cartões postais da cidade. Percorrendo os cantos do espaço, é possível se encantar com outras formas de arte como a obra “O Jacaré de pedra”, do artista plástico Siron Franco, localizado no gramado, a Galeria Municipal de Artes, com suas belas exposições e a cúpula.
Portanto, é certo que nem todo mundo tem a obrigação de apreciar a todo tipo de arte, cada qual faz sua leitura. Para compreender um público maior de consumidores de cultura, o Espaço Cultural abriga a Biblioteca Pública Municipal Jaime Câmara, que recebe diariamente mais de 60 leitores, e também dispõe da Grande Praça, que possibilita um público de 2000 pessoas para a produção de grandes espetáculos.
A descrição do local e a rasa explicação de suas funcionalidades é resultado de uma curiosidade, mas parece ainda que o único caminho para se obter essas informações, é o interesse.
