Sabores, cores e cheiros da Feira do Bosque
Todos os domingos, a Praça dos Pioneiros de Palmas, e as suas imediações, na Quadra 502 Sul, em frente à Prefeitura Municipal, recebe centenas de feirantes e milhares de visitantes que fazem a tradicional Feira do Bosque. No ano de 2009, ela foi reconhecida como Patrimônio Turístico e Histórico do povo tocantinense pela Assembleia Legislativa do Tocantins.
Nela encontramos, dentre tantas opções, artesanato em cerâmica, peças de capim dourado, roupas, produtos de beleza, bijuterias, playground, comidas, bebidas, rodas de capoeira, apresentação de cantores e bandas de músicas.
Num final de tarde de um desses domingos enfadonhos, decidi fazer um passeio. Inicialmente andei pelo setor mais próximo do estacionamento da Avenida Teotônio Segurado. Encontrei muitas bolsas, mochilas, calçados e roupas.
Sabores, cores e cheiros da Feira do Bosque

No corredor seguinte, caminhando em direção ao leste, entre a praça e o calçadão do Paço Municipal, encontrei muitos feirantes vendendo bijuterias, brinquedos importados, maquiagens, roupa íntima masculina e feminina, e disputando espaço, do outro lado do corredor, outros feirantes vendendo cheirosos caldos dos diferentes tipos – de mandioca com carne, de feijão, de peixe, de milho e de legumes – churros de chocolate e de leite condensado recobertos de canela em pó e açúcar, paçoca de carne de sol, comida de milho, pastel, salgados de frango e carne, cachorro quente, caldo de cana, refrigerantes, espetinhos e sucos. Caminhando neste setor é possível sentir o cheiro gostoso do milho, gorduroso das frituras e fumacento dos assados.
Espalhados pelo calçadão em frente ao Paço da Prefeitura de Palmas há brinquedos infantis como escorregadores, pula-pula, brinquedos infláveis coloridos, motinhas de aluguel de baixa velocidade e touro mecânico. Várias crianças se divertiam. Da mesma forma, mais adiante, alguns jovens brincavam de tiro ao alvo numa barraca metálica. Quem acertasse o alvo, e o derrubasse, levava o prêmio para casa: pirulitos, pastilhas e pipoca salgada ou doce.
Ao entrar na área da Praça dos Pioneiros, encontrei um círculo de cerca de cinquenta pessoas que observavam dois jovens ao centro. Eles faziam uma palestra tentando demonstrar a eficácia dos produtos que vendiam. Dentre os produtos, mostravam para o público uma pomada que asseguravam que curaria o mau cheiro dos pés. É muito comum se ver rodas de pessoas em volta de vendedores dos mais incomuns produtos, até pequenos shows com mágicos ou palhaços vestidos de várias cores ocorrendo espontaneamente pela praça.
Nesta área, encontrei muitos produtos artesanais. Os que mais se destacavam eram as belas peças, bem produzidas, feitas de capim dourado que emitiam sua douradura incandescente no ambiente: tiaras, pulseiras, brincos, enfeites domésticos, bolsas e porta pratos. Cadeiras estampadas para sala, peças de cerâmica e de madeira também tinha bastante. Chamavam a atenção bonecas coloridas de pano e sapos verdes com grandes olhos expostos numa barraca. Chaveiros de bonequinhas vestidas com roupinhas de crochê verde, azul, rosa, amarelo, listrado de verde/branco, branco/preto ou vermelho/branco, formavam uma plural combinação. A partir de dez reais era possível levar um anuro verdinho ou uma boneca de pano com cabelo lilás, amarelo ou roxo, para casa. Vendedores de balões coloridos dão um retoque especial na diversidade de cores da feira.
Do lado da praça, à direita do palco, encontrei barracas com comida típicas das mais diferentes regiões do Brasil, comuns numa cidade tão cosmo-brasileira como Palmas. Um apimentado acarajé; vatapá com camarões alergênicos; tapioca de goma branquinha; tacacá com jambu que faz a língua tremer e os lábios ficarem dormentes; além de carnes salgadas assadas ou fritas; pamonhas doces, salgadas, com queijo, com calabresa; canjica de milho verde; bolos recheados e confeitados, de chocolate, morando, maracujá, limão, cupuaçu; tortas doces e salgadas; empadão e pastéis de carne, frango, pizza, queijo, e a tradicional paçoca tocantinense, muito simples e gostosa, com ou sem pimenta e com farinha branca ou de puba. Para amenizar o clima de uma cidade tão quente, muitos se refrescavam com sorvete de chocolate e creme de baunilha, água de coco docinha ou com outra bebida gelada, como o popular e muito vendido suco de laranja com gelo.
Dentre tantas opções, degustei uma tapioca de massa fina, recheada com carne de sol salgada, tomate vermelho, cebola e rúcula verde escuro abundante, feita pela cearense Neide Guedes. Ela, há onze anos, serve a iguaria nas feiras de Palmas. Enquanto apreciava o singular sabor da suculenta comida derivada da mandioca ouvia o som de um pilão que amassava carne de sol com farinha, numa barraca por trás de nós. Era intenso o movimento de pessoas circulando e passeando pela praça. Moças e rapazes em grupos descontraídos ou sozinhos, idosos, crianças e muitas famílias caminhavam sem pressa pela feira.
Quando se pede uma comida, é comum que o vendedor nos pergunte se “é para comer aqui ou para levar”. Se a segunda opção for escolhida, ele acomoda-a num vasilhame para viagem.
Apesar de não haver nenhuma atração no palco que existe no meio da praça, a feira não perdia o seu ar agradável. Seria bom que os grupos de teatro, palhaços, corais e cantores, o meio artístico de maneira geral usasse com mais frequência esse espaço gratuito e assim, ajudasse na construção da identidade palmense. A feira se põe como uma boa opção para adultos e crianças que querem conhecer as cores dos artesanatos, dos brinquedos, dos brindes e das confecções; os cheiros exalados no preparo das comidas e os sabores de Palmas.
A Praça do Bosque dos Pioneiros de Palmas foi criada no ano de 1995. A feira nesta praça foi organizada pelo poder público e pelos feirantes a partir da necessidade de se definir um espaço permanente e de boa localização para a exposição e venda dos produtos alimentícios tradicionais, artesanatos, rendas, bordados e produtos artísticos culturais. É um ambiente de lazer e descontração para a população de Palmas, turistas e visitantes.
Pode-se chegar por ônibus coletivo. As linhas 18 e Eixão, sentido norte ou sul, param na Avenida Teotônio Segurado, em frente à feira.