Dona Lia (Maria Salomé Felipe Soares, mas prefere ser chamada de Lia), foi uma das alunas sorteadas para fazer parte da edição do Inclusão Digital Anjos da Guarda 2012, primeiro semestre. É uma senhora aposentada e cheia de vida. Ela chega animada ao Instituto Federal, em pleno domingo, - pois os cursos oferecidos acontecem aos finais de semana - com seus cabelos ralos, alguns fios brancos à mostra, mas bem cuidados. Sempre simpática, oferece bom dia para todos que passam por ela. Bem disposta e com uma sacola na mão onde traz um lanche para compartilhar com a turma na hora do intervalo. Quem olha aquela senhorinha baixa e de passos contados, nem imagina a sua capacidade de aprendizado.



Dona Lia ficou sabendo do Programa Inclusão Digital através dos seus vizinhos em uma dessas conversas de porta de rua. Determinada, ela resolveu fazer o curso de Informática Windows Básico para poder usar o computador que o seu marido acaba de comprar. “Fico vendo aquele bicho me olhando, e eu olhando pra ele... Quer saber? vou é aprender a mexer!”. Conta ela, com seu tom de voz rouco e toda eufórica.​



Dona Lia aprende com facilidade o que é passado em sala. Ao contrário de outros alunos na mesma faixa de idade, ela não tem medo de errar. É ousada. Explora as ferramentas do Word como se fossem brinquedos novos que acabara de comprar. No Paint, se diverte como uma criança que acabara de pintar a parede do quarto com as próprias mãos. Umas das primeiras a terminar as tarefas, costuma sair mais cedo. Durante três meses Dona Lia frequentou este curso. Todos os sábados e domingos esbanjava alegria, sempre tinha uma história para partilhar com os outros. Ela gostou tanto do curso que irá se inscrever para fazer outro, mas desta vez, Photoshop. Ela diz sorridente: “Quero estilizar minhas fotos para ficar parecida com aquelas modelos chique!”.

Além dos alunos, o Inclusão Digital conta também com parceiros. Um deles é composto por estudantes do próprio Instituto que atuam como professores voluntários. Na sua maioria, alunos do curso de informática. É o caso da estudante do Curso de Técnico de Informática Apolyane Farias Lopes, que foi professora de Dona Lia. Ela resolveu ser voluntária no projeto para aprimorar os seus conhecimentos em informática e lidar com o público de uma melhor forma. Durante os três meses, Apolyane se deslocava de casa para o Instituto em uma bicicleta vermelha e pequena, mas para os seus 1,56 de altura e os 42 quilos está no tamanho ideal. Ao chegar, ela vai direto para a sala, calada, parecia sempre concentrada em algo. Suas aulas não eram dinâmicas, mas atingiam o propósito que era o aprendizado dos alunos. Bastante tímida, com poucos gestos corporais, Apolyane ministra aula falando pausadamente, sem atropelar as palavras.

“Acontece algo com a gente, que eu não consigo explicar, mas lidar com gente de todos os tipos e idade, ao mesmo tempo, é gratificante e desafiador. Aprendi a ter mais tolerância, que uns aprendem mais fácil que outros e que basta uma palavra de incentivo para as pessoas não desistirem”. Conta ela.

É gratificante olhar a quantidade de pessoas cada vez maior que procuram se capacitar. Não importa idade, sexo, raça ou renda familiar, todos têm chance de ser contemplado em qualquer curso que escolha, pois a escolha é aleatória, por sorteio.
Para mais informações acesse o site www.ifto.edu.br ou entre em contato com a Coordenação de Extensão pelo fone (63) 3236-4056.