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Emoção à beira mar

"Era meio-dia quando o telefone tocou, nunca imaginei que estava tão perto de realizar um sonho. Uma viagem que apesar de todos os contratempos seria uma experiência inesquecível", conta o estudante Bruno Lima, 19 anos.


Era pegar ou largar. Pelo telefone o primo de Bruno falava que não seria uma viagem de primeira classe, mas era uma oportunidade de conhecer o mar e o tão sonhado Rio de Janeiro por um valor bem abaixo do normal.
Cinco horas depois ele estava de malas prontas a espera do ônibus junto com vários estudantes que seguiam para um congresso no Rio. Como eu já conhecia toda a magia da Cidade Maravilhosa, resolvi observar de perto a primeira vez de Bruno nesse lugar que pra mim é inesquecível. “Eu não conhecia ninguém além do meu primo, meu primeiro pensamento foi, vou conviver com todas essas pessoas por quase três dias dentro de um ônibus. Acordar, tomar café, almoçar e conversar”, argumenta Bruno.

O tempo passava e nada de ônibus, a irritação pela demora e a ansiedade era clara no rosto da maioria dos estudantes. Grande parte deles também não conheciam o Rio de Janeiro. Logo escureceu, já se passavam mais de cinco horas de espera e todas as informações que surgiam era que o ônibus já estava a caminho.


Bruno pensava em desistir, a frustração era grande. Um amontoado de malas e travesseiros serviam de camas improvisadas para os estudantes, o sono chegava. "Acordei com a galera pegando as malas e indo em direção ao ônibus, naquele momento eu tive toda a certeza que iria ouvir o barulho do mar e conhecer a cidade maravilhosa", lembra.
Pegando a Estrada 
Bruno estava sentado nas últimas poltronas, o barulho do motor do ônibus e as conversas paralelas quebravam todo o silêncio das estradas no meio do cerrado Tocantinense. Logo que entramos em território goiano, Bruno voltou os olhos para a janela do ônibus. Ele não conhecia Goiás.



Após dois dias de viagem ele já conhecia grande parte da galera, a cada parada para almoçar e tomar banho já saíam em grupos. Aos poucos faziam planos para desbravar a terra do Cristo Redentor. Constatei que a vontade de conhecer o mar, as praias de Copacabana e os lindos prédios cariocas não era um desejo isolado de Bruno.


O primeiro choque térmico foi no estado de Minas. O ônibus quebrou na madrugada, Bruno comentou que descer ali foi ter certeza que estávamos bem longe de Palmas, dos 40° da capital Tocantinense para os 15° de Belo Horizonte.


Ao amanhecer já na estrada cada um tenta se distrair com alguma coisa. Bruno optou por dar continuidade na leitura de um livro. Se tratava de uma autobiografia do vocalista dos Rede Hot Chilli Peppers. Em certos momentos ele não se aguentava e comentava o livro com primo que sentava ao lado. O tempo alternava entre o cansaço da viagem já visível no rosto de todos e os momentos de descontração quando os passageiros viravam um grande coral de desafinados.
Chegando ao Rio
O ônibus já estava no estado do Rio de Janeiro, naquele momento o cansaço predominava, os momentos de descontração já não duravam muito. Já nas últimas horas da madrugada os estudantes entravam na cidade maravilhosa. Bruno grudou os olhos na janela, e apesar da escuridão e o tempo nublado ele não parava de apreciar a paisagem. “Ainda lembro de ver as nuvens bem baixas, e apesar do tempo ruim eu senti uma emoção muito grande de estar ali, principalmente quando avistei o mar, era tudo muito lindo" comenta.


Depois de se alojarem na Universidade Federal do Rio de Janeiro era hora de assistir grande parte das palestras do congresso. Para Bruno esse congresso pouco interessava, o foco mesmo de sua viajem era mergulhar pela primeira vez nas águas salgadas do Atlântico. Já no outro dia após conhecer alguns shoppings da cidade, estava chegando a hora de ir para Copacabana. “Descemos em uma avenida atrás do hotel Copacabana Palace, eu não conseguia fixar os olhos em um só lugar, eu estava conhecendo o Rio de Janeiro por vários ângulos. Era uma paisagem que eu já conhecia da TV, mas ao mesmo tempo ver ao vivo era diferente", afirma Bruno.


As primeiras fotos foram tiradas na frente do Copacabana Palace, de repente todo o grupo corria em direção à praia. Bruno atravessou a avenida reparando em cada detalhe, inclusive nas pessoas que ali passavam. Os velhinhos de Copacabana parecem ser mais felizes que os demais, alguns faziam caminhada no calçadão em passos acelerados, a presença de asiáticos também era constante naquele local.
Com os pés na areia da praia Bruno se preparava para entrar no mar que por sinal estava bem agitado. “O barulho das ondas, a areia da praia o vento fresco que eu imaginava vir do outro continente me colocaram em uma sintonia única. Tive a sensação de estar conectado com o resto do mundo”. Já dentro da água o sorriso que ele expressava era de um desejo realizado.  Não demorou muito para o salva-vidas de sotaque típico chegar e pedir para todos saírem da água, aquele não era um bom dia para os banhistas. Além do tempo fechado as ondas não estavam calmas. “Voltem amanhã, o mar hoje não está legal pessoal”, disse ele.


“Esse é nosso último dia aqui, como eu não posso aproveitar? O mar está maravilhoso!” questionava ele. Pouco depois todo mundo voltou para água. Aquela magia que eu presenciei quando estive a primeira vez no Rio eu pude ver no rosto de Bruno e de uma boa parte daqueles estudantes.


Depois de fazer de tudo um pouco ele ainda conheceu Ipanema e comprou várias lembrancinhas dos vendedores ambulantes. Só o Cristo Redentor ficou para próxima vez, naquela situação só era possível ver a estátua de longe, mais uma vez o tempo ruim era um obstáculo.
De volta a Palmas


Depois de horas curtindo a Zona Sul do Rio de Janeiro era hora de pegar a estrada. Bruno comentou que a volta foi bem mais rápida, e eu percebi que aquele espirito de companheirismo entre todos estava bem maior também. Com o livro novamente na mão Bruno dava continuidade na história que foi descobrindo andando pelas estradas brasileiras rumo a Cidade Maravilhosa. Perguntei se valeu a pena, com um sorriso largo ele afirmou que faria tudo de novo.

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