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O Boom dos animes no Brasil:
Um fim de semana para quem não entende o crescente mundo dos otakus no festival anime soul

Tokusatsu, Otaku, Cosplay, OVA. Todas essas palavras podem não ser comuns para alguns, mas para muitas pessoas que gostam dos chamados animes é tão natural quanto beber água.


Vários desses nomes foram vistos e ouvidos aos montes num fim de semana dos mais quentes em Teresina, a capital do Piauí. Tudo aconteceu no Centro de Artesanato Mestre Dezinho (veja quadro: “Um pouco do Piauí”) que fica bem no centro da cidade, de frente para o antigo Cine Rex e da não menos antiga Praça Pedro II, onde várias pessoas se acumulavam para participar da terceira edição do festival Anime Soul.


“Estou vestido de Sub Zero para o concurso de cosplay que vai acontecer daqui a pouco” conversa o garoto Miguel Martins, 15 anos, uma das figuras no meio da multidão que estava vestido com um colete azul, mascara e alguns apetrechos que fazem alusão ao personagem do jogo Mortal Kombat.


Até chegar a esse grande sucesso de público com festivais co
mo esse, os desenhos japoneses chegaram ao Brasil no fim da década de 80 e início dos anos 90. Com a exibição de animes (veja quadro: “Dicionário Otaku”), e séries live-action, como Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon, Yuyu Hakusho, Jiraya, Changeman, entre outros, pela antiga TV Manchete, uma nova onda tomou conta do Brasil.



Os animes tornaram-se definitivamente uma mania com o grande sucesso de Saint Seiya, nome original do que ficou conhecido como Cavaleiros do Zodíaco em terras brasileiras. “Festivais como esse mostra o quanto a cultura dos animes cresceu, hoje ela atinge a diversos públicos, idades, lugares e não é mais um pequeno nicho”, observa com certa alegria nos olhos Jhonata Oliveira, um dos organizadores do evento.


Confesso que sempre fui um fã de desenhos japoneses e minha infância ficou marcada por esses desenhos na saudosa e extinta, TV Manchete. Sempre estive envolvido com Kamehamehas, Cometas de Pégasus e vários outros nomes estranhos que minha mãe nunca descobriu o que eram, mas ao passear e participar do festival descobri que aquele mundo cresceu  e aumentou muito em relação aquela época.


Uma programação com cosplay (veja quadro: “Dicionário Otaku”), torneios de vídeo game e RPG(Role-Playing Games), exibição de diversos animes, stands com mangás, quadrinhos, revistas e dvds. Até fóruns de debate que antigamente eram bem mais difíceis de encontrar, foram acompanhados por vários jovens conhecedores do assunto, naquele que era o último fim de semana do mês de setembro.


Mas não só jovens. Muitos marmanjos também estavam por lá. “Sempre gostei desses animes, acho que é uma coisa que vai ficar para o resto da minha vida”, afirma o senhor Alexandre Gonçalves do alto de seus 70 anos, cabelos grisalhos e uma camisa preta com desenhos do Death Note vendo alguns mangás e mostrando aqueles que mais gosta. “Gosto desse mais novo, o Bleach, acho ele muito interessante, mas dos antigos sou do tempo do Astro Boy”,  comenta rindo.


Passeando mais um pouco pelo Centro de Artesanato de repente se encontrava com, o Edward Elric, o capitão Roy Mustang, o Super Mario, o Scorpion, todos meninos ou meninas trajados como seus personagens favoritos para o concurso de cosplay que nem o garoto Miguel, vestido de Sub Zero no início da matéria. Por falar no concurso, ele ainda aconteceria daqui uns dois minutos em um palco ao lado de uma das várias esculturas de ferro que existem pelo extenso pátio aberto do lugar.


“Gosto de me vestir como meu personagem favorito, acabo me sentindo como ele”, explica exultante o garoto Daniel Santos, 19 anos, vestido com o fardamento azul de  Roy Mustang, personagem do anime Full Metal Alchemist. “Legal também pela diversão de ser ele por um tempo na competição de cosplay”, completa o garoto nervoso ainda se preparando para o concurso que estava prestes a começar.
Quando o concurso de cosplay começou, diversos garotos trajados como personagens de animes e jogos de videogames passaram pela avaliação do público e jurados. No fim quem venceu foi uma garota vestida de anjo do anime Death Note, sem dúvida, o melhor traje e imitação de personagem, embora o garoto vestido de super mario mesmo que de maneira simples tenha gerado uma enorme dúvida na maior  parte dos presentes. 

 

Ao término do dia é perceptível como hoje o mundo dos desenhos japoneses se transformou desde a extinta TV Manchete e ganhou fanáticos dos mais variados tipo. “Sempre tive enorme preferência pelos animes. Eles são diferentes desde o traçado e passam mais emoção que um desenho desses comuns”, completa de maneira firme o visitante Alessandro Mesquita, 25 anos, sobre sua  preferência pelo desenho japonês.


“Aqui todos que gostam dos animes, mangás, RPGs podem se encontrar, conversar, jogar,  é enfim um encontro, uma comunhão cultural muito saudável”, afirma o jovem Darley dos Santos Silva, 17 anos, de olho no jogo de RPG que mesmo com o cansaço de muitos naquela altura do dia ainda acontecia na mesa ao lado.


O Festival Anime Soul reuniu todos os tipos de pessoas, sejam elas mais velhas, mais novas, de cabelos escuros, louros, negros, brancos ou pardos, naquele sábado no Centro de Atividades. Ali todos eram um único grupo, os chamados otakus, verdadeiros fanáticos por algo que me atrevo a dizer não é mais só dos japoneses, é uma rica cultura do mundo.



 

Dicionário Otaku:


Entenda o significado de algumas das palavras mais importantes que rondam o mundo dos que adoram animes e mangás. Estas são algumas das principais:


Animes: È todo tipo de animação japonesa. Existem vários exemplos deles que possuem variados temas, como Cavaleiros do Zodíaco, Love Hina, Naruto, Bleach.


Tokusatsu: São os chamados seriados live-action de super heróis. Seus episódios dão ênfase nos efeitos especiais, superpoderes, heróis de outras galáxias. Exemplos não faltam, como os famosos Jaspion, Black Kamen Raider até os cults National Kid e Ultraman.


Mangá: Significa em japonês, revista em quadrinhos e dão origens a muitos dos animes. São o que se pode chamar de gibis japoneses e uma característica os torna únicos: São lidos de trás para frente.


OVA (Original Video Animation e Original Anime Video): È um formato de animação que consiste de um ou mais episódios de anime lançados diretamente ao mercado de vídeo (VHS ou LD, atualmente DVD e Blu-Ray) sem prévia exibição na televisão ou nos cinemas. Trazem sempre historias diferentes que tem ou não ligação com o enredo principal do anime.


Cosplay: È a abreviação de costume play ou ainda costume roleplay que podem traduzir-se por "representação de personagem a caráter". Consiste na atividade de disfarçar-se ou fantasiar-se de algum personagem que pode ser do mundo dos animes, mangás, comics, videogames acompanhado da tentativa de interpretá-los na medida do possível.


Otaku: È um termo usado no Japão e outros países para designar um fã por um determinado assunto. No ocidente, a palavra é utilizada como uma gíria para rotular fãs de animes e mangás em geral.


RPG(Role-playing game): Em português significa "jogo de interpretação de personagens". È um tipo de jogo em que os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente. As escolhas dos jogadores determinam à direção que o jogo irá tomar.


Um pouco do Piauí


Localizado na Rua Paissandu,  o Centro de Artesanato Mestre Dezinho consiste num complexo de 25 lojas que comercializam o melhor da produção artesanal e artística do Estado, além de abrigar a Escola de Música de Teresina e a Escola de Balé. A escolha do nome Mestre Dezinho é uma homenagem a um dos melhores artesões que o Piauí já teve, com um trabalho reconhecido nacionalmente. Lá podemos encontrar uma variedade de produtos genuinamente piauienses, tanto na arte, moda, como também da culinária local.

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